terça-feira, 14 de junho de 2011

Eu e a Educação Ambiental

       Eu e a Educação Ambiental

Não sei muito bem como tudo aconteceu, mas em meus trinta e “uns” anos de idade passei a me importar. Queria hoje me importar muito mais, mas me sinto como uma gota no oceano.
Acho que tudo começou quando achei por bem fazer o tipo responsável social e entrei como afiliada da ONG WWF Brasil. Eu lia nas revistas que boas empresas valorizavam funcionários engajados nas causas ambientais e achei que isso poderia me ajudar profissionalmente. Me cadastrei, passei a colaborar, recebia informativos mensalmente, adesivos, ganhei até um boton da ONG, e gradualmente comecei modificar algumas atitudes. Passei a separar o lixo, valorizar o trabalho de catadores, me empenhar em plantio de árvores, dosar o consumo de água, enfim, me valer de pequenas ações como forma de ajudar.
Um dia eu acordei do meu sonho ingênuo de salvar o planeta e me senti impotente. Comecei perceber que consciência ecológica tem uma dimensão maior, bem maior do que eu imaginava. Assisti aos vídeos: “A história das coisas” e “Uma verdade inconveniente” e desoladamente descobri que o sistema é tão poderoso que neutraliza pequenas ações como a minha. Enquanto na TV passa reportagens de catadores que fazem histórias de vida, no mesmo canal, no intervalo, as crianças são bombardeadas pela publicidade que diz: “Compre, compre, compre”. Então pensei nos monitores que encostei no porão a espera de conserto e que foram substituídos por um novo e me senti culpada. Pensei nos tênis do Ben 10 que meus aluninhos de educação infantil usam e me senti culpada. Pensei na emissão de gás carbônico emitido no ar cada vez que saio de carro e me senti culpada. E muitas vezes tenho me sentido assim, quando não consigo frear meu consumo ou convencer alguém de que faça o mesmo.
Então para justificar minha impotência, penso nas corporações que dominam o mercado consumista, nas indústrias que produzem e emitem toneladas de gases tóxicos na atmosfera, no governo que simula interesse ecológico em fóruns mundiais como Copenhagem. Mas sem dúvida o principal mal está na minha formação ética, dos meus filhos e alunos. Enquanto eu não encontrar argumento consistente para convencê-los dos males do consumismo desenfreado, vou me sentir culpada e impotente, pois considero a principal causa das agressões ao meio ambiente. É um ciclo de extração, produção, consumo e descarte que está esgotando os recursos naturais do planeta.
A sustentabilidade, mais do que um conceito, deve ser encarada como uma atitude de respeito ao meio, ao outro e a si próprio. Deve ser encarada, como diz a deputada Marina Silva, numa ação conjugada para o presente, não para o futuro. Enquanto isso, vou pensando em como transformar minha culpa em exemplo. É como exercer uma fé, não basta falar, é preciso crer para convencer.